quinta-feira, 22 de novembro de 2012

TEORIA DO ENVELHECIMENTO CELULAR


Os esforços para compreender o papel da célula no fenômeno de envelhecimento tiveram início em 1891, quando Weismann especulou sobre a existência de um potencial limitado da capacidade de duplicação das células somáticas nos animais superiores. Contudo, só mais tarde Hayflick e Morhead confirmaram experimentalmente esta suposição. 
Até então, os estudos desenvolvidos em células somáticas apontavam para a possibilidade deste fenômeno não ocorrer a nível celular. Alexis Carrel que colocou fibroblastos provenientes do coração de galinha em meio de cultura constatou que os mesmos duplicaram-se indefinidamente, tendo Carrel decidido terminar a cultura voluntariamente após 34 anos. Os resultados deste estudo foram confirmados numerosas vezes, em diversos tecidos animais e humanos. 
Estes resultados levaram os biogerontologistas a considerar que as células, quando mantidas em meio de cultura, eram imortais. E que o fenômeno do envelhecimento resultaria, assim, da interação fisiológica das células apenas quando estão organizadas em tecidos ou órgãos. No entanto, após terem alterado o meio de cultura, Hayflick e Morhead constataram que os fibroblastos humanos normais têm uma capacidade finita de duplicação celular, cerca de 50 duplicações. 
Posteriormente, Hayflick identificou dois tipos de células in vivo que têm comportamentos diferentes in vitro. Estes dois tipos de células são (i) células normais, diplóides e mortais e (ii) células cancerosas anormais, heteroplóides e imortais. Tendo as primeiras uma capacidade de duplicação finita, enquanto que nas segundas esta capacidade é infinita.
As diferenças entre os resultados obtidos anteriormente por Carrel e os observados por Hayflick e Morhead, podem ser explicadas pelas características do meio de cultura utilizado e pelos cuidados na sua manutenção. Hayflick afirma que nas experiências em que os fibroblastos evidenciaram um tempo de vida ilimitado, o meio de cultura estava contaminado por vírus ou compostos capazes de induzir mutações nas células em cultura, tornando-as cancerosas.
A aceitação destes resultados pela comunidade científica não foi pacífica. De acordo com a perspectiva vigente na época, o segredo do “elixir da juventude” poderia residir no meio em que as células vivem. 
A consistência dos resultados obtidos em culturas de células levou os investigadores a considerar que a longevidade é determinada geneticamente, uma vez que a célula tem uma capacidade de proliferação predefinida, isto é, o número de replicações é limitado. Este fato impulsionou a investigação científica para a pesquisa dos genes responsáveis pelo fenômeno de envelhecimento, também conhecidos como “gerontogenes”.
Num estudo com uma amostra considerável (600 pares de gêmeos dinamarqueses monozigóticos e dizigóticos), nascidos no século XIX, foi encontrada uma influência da hereditariedade na longevidade de apenas 30%. Portanto, a existência de um único gene responsável pelo fenômeno de envelhecimento em humanos parece pouco provável.
Em humanos normais, a investigação dos gerontogenes tem permitido identificar genes responsáveis pelo desenvolvimento de doenças associadas à idade, mas não genes específicos do fenômeno de envelhecimento como acontece em organismos mais simples, como em nematóides e em leveduras.


Referência: Mota, M. P., Figueiredo, P. A.,Duarte J. A.. 2004.Teorias biológicas do envelhecimento. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. vol. 4. nº 1 [83-85]. Disponível em: http://teoriasdoenvelhecimento.blogspot.com.br/2012/09/teoria-do-envelhecimento-celular.html

Postado por Karina Marques

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