Os esforços para compreender o papel da célula no
fenômeno de envelhecimento tiveram início em 1891, quando Weismann especulou
sobre a existência de um potencial limitado da capacidade de duplicação das
células somáticas nos animais superiores. Contudo, só mais tarde Hayflick e
Morhead confirmaram experimentalmente esta suposição.
Até então, os estudos desenvolvidos em células
somáticas apontavam para a possibilidade deste fenômeno não ocorrer a nível
celular. Alexis Carrel que colocou fibroblastos provenientes do coração de
galinha em meio de cultura constatou que os mesmos duplicaram-se
indefinidamente, tendo Carrel decidido terminar a cultura voluntariamente após
34 anos. Os resultados deste estudo foram confirmados numerosas vezes, em
diversos tecidos animais e humanos.
Estes resultados levaram os biogerontologistas a
considerar que as células, quando mantidas em meio de cultura, eram imortais. E
que o fenômeno do envelhecimento resultaria, assim, da interação fisiológica
das células apenas quando estão organizadas em tecidos ou órgãos. No
entanto, após terem alterado o meio de cultura, Hayflick e Morhead constataram
que os fibroblastos humanos normais têm uma capacidade finita de duplicação
celular, cerca de 50 duplicações.
Posteriormente, Hayflick identificou dois tipos de
células in vivo que têm comportamentos diferentes in vitro. Estes dois tipos de
células são (i) células normais, diplóides e mortais e (ii) células cancerosas
anormais, heteroplóides e imortais. Tendo as primeiras uma capacidade de
duplicação finita, enquanto que nas segundas esta capacidade é infinita.
As diferenças entre os resultados obtidos anteriormente
por Carrel e os observados por Hayflick e Morhead, podem ser explicadas pelas
características do meio de cultura utilizado e pelos cuidados na sua
manutenção. Hayflick afirma que nas experiências em que os fibroblastos
evidenciaram um tempo de vida ilimitado, o meio de cultura estava contaminado
por vírus ou compostos capazes de induzir mutações nas células em cultura,
tornando-as cancerosas.
A aceitação destes resultados pela comunidade
científica não foi pacífica. De acordo com a perspectiva vigente na época, o
segredo do “elixir da juventude” poderia residir no meio em que as células
vivem.
A consistência dos resultados obtidos em culturas de
células levou os investigadores a considerar que a longevidade é determinada
geneticamente, uma vez que a célula tem uma capacidade de proliferação
predefinida, isto é, o número de replicações é limitado. Este
fato impulsionou a investigação científica para a pesquisa dos genes
responsáveis pelo fenômeno de envelhecimento, também conhecidos como “gerontogenes”.
Num estudo com uma amostra considerável (600 pares de
gêmeos dinamarqueses monozigóticos e dizigóticos), nascidos no século XIX, foi
encontrada uma influência da hereditariedade na longevidade de apenas 30%.
Portanto, a existência de um único gene responsável pelo fenômeno de
envelhecimento em humanos parece pouco provável.
Em humanos normais, a investigação dos gerontogenes
tem permitido identificar genes responsáveis pelo desenvolvimento de doenças
associadas à idade, mas não genes específicos do fenômeno de envelhecimento
como acontece em organismos mais simples, como em nematóides e em leveduras.
Referência:
Mota, M. P., Figueiredo, P. A.,Duarte J. A.. 2004.Teorias biológicas do
envelhecimento. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. vol. 4. nº 1
[83-85]. Disponível em: http://teoriasdoenvelhecimento.blogspot.com.br/2012/09/teoria-do-envelhecimento-celular.html
Postado
por Karina Marques
O envelhecimento é um fenômeno unicamente genético?
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