quinta-feira, 22 de novembro de 2012

TEORIA DOS TELÔMEROS



A existência de um tempo de vida finito nas células eucariotas normais, e a capacidade das células cancerosas em superá-lo, pode depender dos telômeros. Os telômeros compreendem sequências de nucleotídeos que protegem as extremidades dos cromossomas da sua degeneração e da fusão com outros cromossomas, prevenindo a instabilidade genômica.
Além destas funções, os telômeros desempenham também um papel importante, embora indireto, no controle da proliferação das células normais e no crescimento anormal do cancro.
Na ausência da telomerase, uma enzima que adiciona repetições sucessivas de bases de DNA telomérico aos telômeros, em cada duplicação celular a célula perderá entre 50 e 201 pares de bases (bp) de DNA telomérico. Aparentemente, as células humanas deixam de se dividir quando o comprimento final do DNA telomérico atinge aproximadamente 4-7 bp (15 a 20 nas células germinais) prevenindo, assim, a fusão com outros cromossomas. O encurtamento dos telômeros ocorre porque a maioria das células somáticas normais não sintetiza telomerase. 
No entanto, nas células cancerosas, a síntese de telomerase é ativada, o que poderá contribuir para a capacidade destas células se dividirem continuamente. 
Sabe-se que à medida que as células se aproximam da fase de senescência replicativa começam a expressar a proteína p53, resultante de um gene supressor tumoral, que interrompe o ciclo celular nas fases G1 e S.
No entanto também tem sido constatado um aumento da p53 nas células em que o DNA foi lesado por ERO (espécies reativas de oxigênio ou radicais livres). Este mecanismo evita o surgimento células com informação genética alterada, mesmo que o comprimento dos telômeros permita a continuação da proliferação celular.  Em resumo, não só o encurtamento dos telômeros podem ditar a morte celular. Vale lembrar que se os fatores estocásticos induzirem mutações nesta proteína (p53), inativando-a, poderão sobrepor-se aos mecanismos genéticos de controle do fenômeno de envelhecimento celular. Isto é, a célula continuará se replicando mesmo que esteja em senescência.
Estes dados indicam que o papel dos telômeros no fenômeno de envelhecimento celular poderá não ser tão decisivo como tem sido descrito.
Os telômeros poderão ter um papel preponderante no envelhecimento tecidual onde as células mantêm a sua capacidade proliferativa ao longo da vida do indivíduo. 
A diminuição significativa do número de células funcionais quer por morte celular ou por incapacidade de reparação dos danos, poderá determinar a funcionalidade dos respectivos órgãos, culminando com a morte do indivíduo.  No entanto nos tecidos compostos por células permanentemente pós-mitóticas, tais como os neurónios e os cardiomiócitos, a “Teoria dos Telômeros” não se aplica.   O fenômeno de envelhecimento nestes tecidos deve-se, provavelmente, à acumulação de lesões celulares sucessivas induzidas por fatores de natureza química ou mecânica, como por exemplo, o aumento do stress oxidativo nas células nervosas. 
Neste sentido, o “relógio biológico” que determina a longevidade do indivíduo, parece não fazer sentido passa a se considerar um indivíduo como um todo.
A “Teoria dos Telômeros” é ainda posta em causa quando se tenta explicar as diferenças de longevidade entre as espécies animais com base no comprimento destas estruturas.  Seria de esperar que o maior comprimento dos telômeros das células mitóticas estivesse associado a uma maior longevidade da linha celular, o que não acontece. 
Por exemplo, os telômeros dos fibroblastos humanos têm um menor comprimento do que os fibroblastos de ratinhos. No entanto, as células dos fibroblastos humanos dividem-se muito mais vezes antes de atingir a senescência replicativa. Sendo assim o comprimento dos telômeros, por si só, não se relaciona com a longevidade das diferentes espécies animais. 
Contudo, constatou se a existência de uma correlação entre a longevidade das células em cultura e a longevidade das respectivas espécies animais.
O que sugere a existência de outros mecanismos responsáveis pelo fenômeno de envelhecimento celular.
Imagina-se que a lesão oxidativa do DNA têm, possivelmente, um efeito mais decisivo na longevidade das células do que o comprimento dos telômeros. 
Em conjunto, as evidências apontam para um papel moderado dos telômeros no fenômeno de envelhecimento, que deverá ser mais decisivo nos tecidos constituídos por células mitóticas e naqueles onde a capacidade regenerativa é determinante, tendo, no entanto, um papel muito modesto nos órgãos principalmente constituídos por células pós-mitóticas. 
É possível que o progressivo encurtamento dos telômeros constitua apenas um dos fenótipos do envelhecimento biológico e não seja a causa do processo.

Disponível em: http://teoriasdoenvelhecimento.blogspot.com.br/2012/09/teoria-do-envelhecimento-celular.html

Postado por Karina Marques

2 comentários:

  1. Os extremos dos cromossomos normais são constituídos por estruturas denominadas telômeros, que desempenham um importante papel em seu comportamento, como impedir a união de cromossomos.
    Os telômeros compõem-se de seqüências curtas de nucleotídeos repetidas centenas de vezes em leveduras e vários milhares de vezes em vertebrados. Nos cromossomos humanos a seqüência é [5’ – TTAGGG – 3’], formando um segmento de DNA de aproximadamente 10kb no extremo do cromossomo. A fita complementar, rica em C, terminam um pouco antes da fita rica em G, de modo que a última forma uma fita terminal monocatenaria no extremo do cromossomo. Como a síntese de DNA avança somente na direção 5’ ® 3’ e depende da presença de um iniciador, a síntese de DNA no extremo do cromossomo é interrompida. A duplicação cromossômica normal produz um encurtamento progressivo de telômeros, até que, depois de um número de divisões celulares os cromossomos se tornam instáveis e a célula morre.
    Propriedades dos Telômeros:
    Proteção das extremidades dos cromossomos de exonucleases e ligases.
    Previne recombinações aberrantes e fusão dos cromossomos.
    Regula reconhecimento e separação do cromossomo mitótico.
    Forma complexos com proteínas.
    Permite a completa replicação do DNA linear.

    Postado por Andressa Camila Francisco.

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  2. Há células modelo para se estudar o papel dos telômeros?

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