Metabolismo das células do sistema imunitário
O metabolismo das células do sistema imunitário, como linfócitos e
macrófagos, passou a ser mais bem entendido a partir de estudos realizados nos
anos 80. Resultados destes trabalhos evidenciaram que a glicose e o aminoácido
glutamina são os substratos preferidos por tais células para suas necessidades
metabólicas. Contudo, os ácidos graxos são também avidamente consumidos e seu
destino principal é a incorporação nas membranas celulares. É evidente que a
composição das membranas da célula sofre um efeito direto da composição dos
ácidos graxos da dieta, e, conforme a membrana é modificada, nota-se uma
modulação na capacidade de ação do sistema imunitário. Não obstante, os ácidos
graxos parecem ter importância também na comunicação intercelular (entre
células) e na ativação celular, uma vez que existem receptores nas membranas
que, quando em contato com diferentes ácidos graxos, enviam ao interior da
célula informações que modulam suas “decisões”.
A principal “linguagem” do sistema imunitário,
isto é, a maneira pela qual diferentes células enviam e recebem comandos, é
mediada pela produção de um tipo especial de moléculas, denominadas como citocinas.
Muito do que queremos dizer ao afirmar que a atividade do sistema imunitário
esta alterada é, de fato, o mesmo que afirmar que as citocinas estão sendo
produzidas de modo (quantitativo e qualitativo) diferente.
Tem ficado evidente que algumas patologias
supostamente não relacionadas ao sistema imunitário podem resultar na
mobilização tanto de seu braço inato quanto adaptativo. Esta agora claro
também, que o comportamento de linfócitos e outros leucócitos é controlado em
vários níveis por propriedades metabólicas internas. Estas propriedades
metabólicas são ativamente moduladas pela exposição das células do sistema
imunitário a nutrientes como glicose e ácidos graxos.
Os efeitos a longo prazo desta interação, como
ocorre na obesidade, podem culminar em um aumento do risco de doenças como
diabetes tipo 2, doenças cardivasculares, esteatose hepática, cirrose,
câncer, asma e neurodegeneração (doença de Alzheimer). Entender os mecanismos
que explicam tais associações, principalmente do ponto de vista molecular, é um
dos objetivo principais da disciplina de imunometabolismo.
Inflamação – o princípio de tudo.
O tecido adiposo foi considerado durante
longo tempo como um tecido de baixa atividade metabólica. Hoje sabemos que este
tecido é muito ativo metabolicamente. Em cada adipócito (células do tecido
adiposo que armazenam gordura) são produzidas dezenas de moléculas que ganham a
circulação e tem ação em tecidos periféricos, funcionando de modo mimético aos
hormônios. De fato, diversos autores já consideram o tecido adiposo como uma
glândula endócrina, ganhando o status de maior glândula endócrina no organismo.
As moléculas, ou hormônios, secretados pelos adipócitos são denominadas
“ADIPOCINAS”, devido a muitas serem similares, ou mesmo iguais as CITOCINAS
(aquelas responsáveis pela linguagem do sistema imunitário). Algumas citocinas
têm funções reguladoras do apetite (ex. leptina), do metabolismo da insulina
(ex. adiponectina), e da inflamação (resistina, TNF-α, IL-6). Na obesidade os
adipócitos aumentam em tamanho (hipertrofia), e ocorre aumento na síntese das
adipocinas pró-inflamatórias e redução das antiinflamatórias. Este processo
contribui para o início de um quadro inflamatório sistêmico, denomimado
inflamação crônica de baixo grau. Este quadro irá contribuir para com diversas
complicações da obesidade.
Mas...o que é inflamação?
Classicamente na literatura, inflamação é descrita como uma
resposta corporal protetora que tem por objetivo isolar e eliminar agentes
invasores (Ex. Microorganismos). Esta resposta costuma desencadear
modificações teciduais que levam ao surgimento das características modificações
denominadas por DOR, CALOR, RUBOR, EDEMA E PERDA DE FUNÇÃO.
Metabolismo
das células do sistema imunitário
O
metabolismo das células do sistema imunitário, como linfócitos e macrófagos,
passou a ser mais bem entendido a partir de estudos realizados nos anos 80.
Resultados destes trabalhos evidenciaram que a glicose e o aminoácido glutamina
são os substratos preferidos por tais células para suas necessidades
metabólicas. Contudo, os ácidos graxos são também avidamente consumidos e seu
destino principal é a incorporação nas membranas celulares. É evidente que a
composição das membranas da célula sofre um efeito direto da composição dos
ácidos graxos da dieta, e, conforme a membrana é modificada, nota-se uma
modulação na capacidade de ação do sistema imunitário. Não obstante, os ácidos
graxos parecem ter importância também na comunicação intercelular (entre
células) e na ativação celular, uma vez que existem receptores nas membranas
que, quando em contato com diferentes ácidos graxos, enviam ao interior da
célula informações que modulam suas “decisões”.
Esta é
uma resposta adaptativa de curto prazo, essencial também para o reparo dos
tecidos lesados. Contudo, uma inflamação prolongada freqüentemente traz
conseqüências deletérias, pois diversas citocinas produzidas durante o processo
afetam a fisiologia normal de outros órgãos e sistemas corporais. E é este o
caso observado em diversas doenças metabólicas, onde muitas citocinas
características do processo inflamatório aparecem em concentrações alteradas na
circulação (mesmo sem a presença de um agente invasor como microorganismos), e
permanecem elevadas durante períodos prolongados.
Na
obesidade, por exemplo, o mecanismo pode ser iniciado pelas adipocinas, e
potencializado pelas citocinas, uma vez que, conforme o tecido adiposo aumenta
e produz mais hormônios (adipocinas), o sistema imunitário torna-se ativado e
também modifica seu padrão de produção de citocinas. Um dado que chama a
atenção, é que conforme o tecido adiposo aumenta, células do sistema imunitário
invadem este tecido e ali se alojam, conforme a figura abaixo.
De fato, a obesidade e a inflamação estão intimamente
associadas. Porém, algumas questões ainda esperam por respostas que o estudo do
imunometabolismo tenta responder. Por exemplo, quais os mecanismos biológicos
que relacionam as complicações da obesidade e o sistema imunitário? Como o
entendimento de tais sistemas pode auxiliar no tratamento das complicações da
obesidade através da nutrição, da atividade física e da clínica médica?
Fonte: Immunometabolism: uma fronteira emergente. Narure Imunologia. Diane Mathis. v11, 2011
Postado por: Karina Brandes, Ana Carolina Batista Biscaia, Dayane Soares.