Apesar de tratar-se de uma doença complexa, com um
forte componente genético, pouco se sabe sobre os fatores de risco relacionados
a esta disfunção. Com exceção das raras formas mendelianas, causadas por
mutações no gene APP, que codifica a proteína precursora amilóide, e nos genes
da presenilina 1 e 2 (PSEN1 e PSEN2), o único fator genético de risco, até
então, reconhecido por conferir susceptibilidade à forma clássica da doença,
era o gene APOE. Este estudo, além de confirmar a associação entre a DA e o
loco APOE, revelou uma nova associação da doença com dois polimorfismos de
nucleotídeo único (SNPs, na sigla em inglês), ou seja, duas formas alternativas
– rs11136000 e rs3851179 – localizados, respectivamente, numa região intrônica
do gene CLU e na região 5’
do gene PICALM. Além desta importante descoberta, foram identificadas também
variantes em outros locos, como o CR1, com uma possível associação com a DA,
porém que ainda necessitam comprovação.
O gene CLU localiza-se no cromossomo 8 e codifica a
clusterina, uma glicoproteína multifuncional capaz de interagir com uma ampla
gama de moléculas. A super expressão dessa proteína em diversas condições
neurodegenerativas, que envolvem injúria e inflamação crônica do cérebro,
sinaliza que ela tenha uma função neuroprotetora em resposta ao estresse
celular. Na DA, a clusterina está presente nas placas amilóides e nos depósitos
cérebro-vasculares.
O gene PICALM, localizado no cromossomo 11, é
amplamente expresso em todos os tecidos, sendo sua maior expressão nos
neurônios, particularmente nas sinapses. Estudos indicam seu envolvimento no
transporte intracelular de proteínas e lipídios. O conhecimento atual sobre o
papel celular das proteínas codificadas por estes dois genes reforça os achados
de Harold e colaboradores de que variantes genéticas em CLU e PICALM constituem
reais fatores de susceptibilidade para a DA.
Meta-análises de associação genômica, como a realizada
neste estudo, utilizam uma alta tecnologia de genotipagem e fornecem evidências
robustas sobre a associação de variantes genéticas de risco com doenças
complexas. O diferencial em estudos desta natureza está no elevado número de
polimorfismos no DNA que são avaliados, bem como no tamanho das amostras
testadas. Nesta pesquisa, foram avaliados 529.205 SNPs, distribuídos pelos 22
autossomos humanos, em pouco mais de 16.000 indivíduos, dos quais 5.964 tinham
DA. Outra pesquisa recente de associação genômica, conduzida em 54.000
indivíduos, levou à identificação de 18 locos de susceptibilidade para o
diabetes tipo 2. Sem dúvida alguma, a identificação de locos gênicos
relacionados a doenças complexas de alta incidência na população é um
importante passo na compreensão dos processos biológicos subjacentes a estas
desordens e representa uma contribuição científica valiosa que pode resultar em
múltiplos desdobramentos.
Por:
Márcia Pimentel
Disponível
em: http://www.ivdn.ufrj.br/kb_ivdn_v01_00_index.htm
Postado
por: Karina Marques
O que é polimorfismo de DNA?
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