quarta-feira, 14 de novembro de 2012

COMUNICAÇÃO CELULAR E DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS



Alterações de comunicação celular têm papel importante em várias doenças degenerativas, incluindo no mal de Alzheimer. O cérebro de pacientes com Alzheimer apresenta alterações em vários mensageiros químicos (também conhecidos como neurotransmissores), que participam da comunicação entre neurônios, sendo que um dos mensageiros mais alterados é a acetilcolina. Fármacos que preservam acetilcolina são capazes de diminuir algumas das deficiências cognitivas na doença de Alzheimer, demonstrando a importância de tentarmos entender como aumentar a função desse neurotransmissor. 
Deficiências no sistema colinérgico (neurônios que utilizam acetilcolina como transmissor) parecem afetar vários aspectos cognitivos em mamíferos, mas pouco se sabe como esses sintomas relacionam-se com os sintomas observados no mal de Alzheimer. Além disso, até hoje não se sabe qual a contribuição da morte dos neurônios colinérgicos nessa doença. Projetos de pesquisa do nosso grupo têm como objetivo compreender o papel fisiológico da acetilcolina no cérebro e de que maneira a secreção desse neurotransmissor pode ser regulada. Para isso, nós utilizamos técnicas de genética molecular para produzir camundongos geneticamente modificados em que a secreção da acetilcolina está diminuida. Em colaboração com o grupo de pesquisa de Marc Caron, na Duke University, e de Iván Izquierdo, na PUC de Porto Alegre, nós utilizamos esses camundongos geneticamente modificados para estudar aspectos neuroquímicos e comportamentais relacionados à disfunção colinérgica. Esses estudos são complementados por projetos direcionados para a compreensão de aspectos moleculares da regulação da síntese e liberação de acetilcolina em modelos celulares. Nossos estudos apontam para novas hipóteses e alvos farmacológicos com o intuito de diminuir os sintomas cognitivos no mal de Alzheimer. 
Outra doença degenerativa que é de grande interesse para nossos laboratórios são as encefalopatias espongiformes (ou doenças por prion). Essa patologia devastadora afeta vários mamíferos e sua forma mais conhecida são o mal da vaca louca, que afeta o gado. Doenças por prion desafiam dogmas importantes em biologia, pois parecem ser causadas pela alteração da conformação de uma proteína do hospedeiro denominada prion celular. Essa proteína na sua forma infecciosa tem tendência a formar agregados que parece apresentar toxicidade para neurônios, além de perder suas funções fisiológicas normais (a proteína alterada é conhecida como prion scrapie). Em colaboração com Vilma Martins, do Instituto Ludwig em São Paulo, e Byron Caughey, do National Institute of Health nos EUA, nosso grupo investigou com sucesso a localização celular e o movimento da proteína prion celular e da proteína prion scrapie em células em cultura. Como acredita-se que o a transformação da proteína prion celular em prion scrapie depende em parte de sua localização em compartimentos celulares, esses estudos abrem caminho para entendermos o papel fisiológico da proteína prion celular e o local onde essa poderia se transformar na forma scrapie. Além disso, nosso grupo colabora com um consórcio de pesquisadores brasileiros liderados por Vilma Martins para tentar entender o papel fisiológico da proteína prion celular, com o objetivo de compreender se perda de função dessa proteína teria papel importante nas encefalopatias espongiformes. 

Pesquisa liderada por Marco Antônio M. Prado e Vania Ferreira Prado e estudantes de pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais.

Postado por: Karina Marques

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