Alterações de comunicação celular têm papel
importante em várias doenças degenerativas, incluindo no mal de Alzheimer. O
cérebro de pacientes com Alzheimer apresenta alterações em vários mensageiros
químicos (também conhecidos como neurotransmissores), que participam da
comunicação entre neurônios, sendo que um dos mensageiros mais alterados é a
acetilcolina. Fármacos que preservam acetilcolina são capazes de diminuir
algumas das deficiências cognitivas na doença de Alzheimer, demonstrando a
importância de tentarmos entender como aumentar a função desse
neurotransmissor.
Deficiências no sistema colinérgico (neurônios que
utilizam acetilcolina como transmissor) parecem afetar vários aspectos
cognitivos em mamíferos, mas pouco se sabe como esses sintomas relacionam-se
com os sintomas observados no mal de Alzheimer. Além disso, até hoje não se
sabe qual a contribuição da morte dos neurônios colinérgicos nessa doença.
Projetos de pesquisa do nosso grupo têm como objetivo compreender o papel
fisiológico da acetilcolina no cérebro e de que maneira a secreção desse
neurotransmissor pode ser regulada. Para isso, nós utilizamos técnicas de
genética molecular para produzir camundongos geneticamente modificados em que a
secreção da acetilcolina está diminuida. Em colaboração com o grupo de pesquisa
de Marc Caron, na Duke University, e de Iván Izquierdo, na PUC de Porto Alegre,
nós utilizamos esses camundongos geneticamente modificados para estudar
aspectos neuroquímicos e comportamentais relacionados à disfunção colinérgica.
Esses estudos são complementados por projetos direcionados para a compreensão
de aspectos moleculares da regulação da síntese e liberação de acetilcolina em
modelos celulares. Nossos estudos apontam para novas hipóteses e alvos
farmacológicos com o intuito de diminuir os sintomas cognitivos no mal de
Alzheimer.
Outra doença degenerativa que é de grande interesse
para nossos laboratórios são as encefalopatias espongiformes (ou doenças por
prion). Essa patologia devastadora afeta vários mamíferos e sua forma mais
conhecida são o mal da vaca louca, que afeta o gado. Doenças por prion desafiam
dogmas importantes em biologia, pois parecem ser causadas pela alteração da
conformação de uma proteína do hospedeiro denominada prion celular. Essa
proteína na sua forma infecciosa tem tendência a formar agregados que parece
apresentar toxicidade para neurônios, além de perder suas funções fisiológicas
normais (a proteína alterada é conhecida como prion scrapie). Em colaboração
com Vilma Martins, do Instituto Ludwig em São Paulo , e Byron Caughey, do National Institute
of Health nos EUA, nosso grupo investigou com sucesso a localização celular e o
movimento da proteína prion celular e da proteína prion scrapie em células em cultura. Como
acredita-se que o a transformação da proteína prion celular em prion scrapie
depende em parte de sua localização em compartimentos celulares, esses estudos
abrem caminho para entendermos o papel fisiológico da proteína prion celular e
o local onde essa poderia se transformar na forma scrapie. Além disso, nosso
grupo colabora com um consórcio de pesquisadores brasileiros liderados por
Vilma Martins para tentar entender o papel fisiológico da proteína prion
celular, com o objetivo de compreender se perda de função dessa proteína teria
papel importante nas encefalopatias espongiformes.
Pesquisa
liderada por Marco Antônio M. Prado e Vania Ferreira Prado e estudantes de
pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Disponível
em: http://www.ivdn.ufrj.br/kb_ivdn_v01_00_index.htm
Postado
por: Karina Marques
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